Título em
português: O Diário de um Pároco de
Aldeia
Realizador: Robert Bresson
Ano: 1951
País: França
Argumentista:
Robert Bresson
segundo o romance homónimo de
Georges Bernanos (a última edição em português de “Diário de um Pároco de
Aldeia” é das Edições Paulinas, numa tradução de João Gaspar Simões)
Fotografia:
Léonce-Henri Burel com a assistência de Robert Julliard
Elenco
principal: Claude Laydu, Adrien Borel, Nicole Ladmiral, Rachel Berendt, Jean
Riveyre, Nicole Maurey
Duração: 1
hora e 57 minutos
Embora narre
a vida de um modesto padre de aldeia, o filme não é realmente sobre a religião
como tal, mas sim sobre a luta entre o bem e o mal.
O padre,
persuadido a pregar o bem, só enfrenta desconfiança, hostilidade e calúnia: as
crianças da catequese zombam dele, os paroquianos abandonam a igreja e ficam de
pé atrás diante deste padre muito jovem que parece um alcoólatra. Já os “senhores”,
depois de uma abordagem bastante favorável, rapidamente o consideram um
original. O único apoio real do religioso, mas em última análise em vão, é do
padre mais velho (Adrien Borel) da aldeia vizinha de Torcy. Este, tão bom homem
quanto autoritário, representa ao mesmo tempo um modelo profissional, mas
também o inverso, isto é, tudo o que o jovem padre não quer ser.
A “mise-en-scène”
de Robert Bresson assenta num tom mais radical do que as palavras de Bernanos:
seca e austera, baseada em cenas curtas, deixa paradoxalmente a impressão de
que o tempo está congelado. A estação não muda, as árvores estão descarnadas,
há lama constante. A voz off (a do padre) que cita trechos do diário, parece
razoável, ao mesmo tempo em que dá uma importância exagerada à acção do
religioso no seu meio.
Por fim, o
filme retrata o percurso de um falso mártir, que, perante a indiferença quase
total dos outros, só viverá uma vida de infortúnios, solidão e privações.
Recusando o
pitoresco, Robert Bresson, com a sua “mise-en-scène” sem concessões, mais ainda
do que nos seus filmes precedentes, criou uma escrita cinematográfica difícil,
mas fascinante.
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