Título em português: O
Gabinete do Dr. Caligari
Realizador: Robert
Wiene
Ano: 1920
País: Alemanha
Argumentista: Hans Janowitz e Carl Mayer
Fotografia: Willy Hameister
Elenco principal: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich
Féher, Lil Dagover
Duração: 1 hora e 12 minutos
Sendo hoje visto como um dos filmes que marcaram o chamado
cinema expressionista alemão, “O Gabinete do Dr. Caligari” contém todo um
conjunto de “ferramentas” visuais que fariam escola e marcariam um período. A
opção de filmar num cenário pintado (obra dos pintores Walter Reimann e Walter
Röhrig) confere desde logo ao filme uma atmosfera irreal e abstracta, como que
saída de um sonho. Como seria típico, não só os cenários são telas bidimensionais,
como todas as imagens são fortemente estilizadas, com perspectivas distorcidas,
e predominante uso de linhas rectas, oblíquas e agressivas. O uso da luz e
sombras, tão típico do expressionismo, funciona no filme como protagonista,
dirigindo-nos o olhar, destacando pormenores nos planos, o que se evidencia
ainda mais com o repetido uso do fecho da imagem em torno de um rosto.
Também típico do expressionismo é o uso da profundidade de
campo, com planos que funcionam sobretudo em profundidade e não em largura, que
aliado às oblíquas cenas de telhados, caminhos e pontes florestais, resulta num
ambiente surreal e no adensar da ameaça do desconhecido sobre o espectador,
como talvez nunca tenha sido tão bem conseguido depois disso.
A completar, destacam-se as interpretações, exageradas, é
certo, mas por isso mesmo enigmáticas e perturbadoras, com realce para Werner
Krauss, o misterioso e cruel médico louco, Doutor Caligari, e claro, Conrad
Veidt, que confere ao seu Cesare, com os seus movimentos pouco naturais, uma
qualidade irreal.
(…)
Lidando com temas como a demência, o controlo mental e a obsessão
pelo poder (temas recorrentes nos filmes expressionistas), o filme é por vezes
visto como uma alegoria sobre a situação política e social da Alemanha do pós-guerra.
Mas mais que as suas preocupações sociais, foi a sua influência estética que perdurou, e “O Gabinete do Dr. Caligari” é hoje citado como forte influência sobre os filmes de terror, o “film noir” americano dos anos quarenta, e muitos realizadores modernos, de Tim Burton a Terry Gilliam, para citar apenas dois.
JC no blog “A Janela Encantada”
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